sábado, 27 de setembro de 2008

De Crocodile Camp a Mara Buffalo Camp

12 e 13 de Setembro de 2008 - Crocodile Camp, manhã de 6ª feira, dia 12, os crocodilos do festim da véspera, regressam ao rio, com o aparecer do sol. Na sequela de uma noite mal dormida, em desesperada luta com alguns dos poucos mosquitos resistentes às 2 latas de insecticida despejadas no quarto 34, (quarto sem a indispensavel rede mosquiteira), o cansaço era evidente e só o reconfortante english breakfast, me deixou recuperado fisica e animicamente.
Poucos instantes depois de nos anunciarem da chegada do nosso avião, para dali a poucos minutos, fomos conduzidos, a pé, por alguns elementos do lodge, para a pequena pista de terra batida, estendida a partir da entrada principal do Camp. Pelas 07:30, víamos aterrar o pequeno bimotor.
Na véspera havíamos tomado conhecimento que não iriamos a Lake Nakuru, assim mesmo, sem qualquer explicação adicional, o que me valeu uma natural irritação e uma mais do que justificada desilusão, tantas eram as expectativas alimentadas sobre o mitico lago e os seus milhares de flamingos, celebrizados pelo cinema. O voo de 2 horas que se seguiu, mostrou-nos a transição forte da paisagem, desde os terrenos áridos e encarniçados, à partida do Tsavo, para um cenário bem diferente, na aproximação às terras adjacentes a Masai Mara, com os grandes espaços verdes a preencherem todo o horizonte visual. Quando aterrámos, já outro grupo se preparava para apanhar o mesmo avião, iniciando o seu regresso.
Eramos esperados pelo responsavel do Mara Buffalo Camp e por um conjunto de jeeps, para nos transportar até o lodge, a uma centena de metros dali. Após inspecção das instalações e do quarto 54, que me foi destinado, apressei-me, aflito, a pedir socorro, na forma de uma rede mosquiteira salvadora, no que fui rapidamente atendido. Mara Buffalo Camp, fica nos limites exteriores do Masai Mara Game Reserve, 30 Km a noroeste deste, estendendo-se ao longo das margens do Rio Mara, a mais de 1600 metros de altitude. No entanto, não existe uma qualquer vedação que demarque fisicamente o National Park da região onde está situado o Lodge. A fauna selvagem é, por isso, tão exuberante ali, bem às portas do Camp, também este sem qualquer protecção especial, em relação ao mato circundante, que não seja a naturalmente proporcionada pelo aglomerado dos bungalows e a intimidatória presença humana. Por esse motivo, não é aconselhável que nos retiremos para os bandas, (bungalows) sózinhos, após o escurecer (eramos sempre escoltados por um Masai armado que aguardava na pequena varanda até que fechássemos a porta) e é mesmo proibido sairmos dos quartos durante a noite, pela mais do que provavel presença dos hipopotamos que, saindo das águas em frente, pastam curiosos nos relvados do Camp. Outra curiosidade, a endiabrada zebra Emilia, sempre pronta a perseguir os visitantes ou a morder os sacos de quem dela se avizinha, é um simbolo do parque desde há alguns anos, após ali se ter recolhido em busca de uma providencial protecção.
O programa local, vale essencialmente pelos 2 safaris diários, um pela manhã, outro a meio da tarde. Do Lodge, saíamos sempre em vários Jeeps, que mantinham uma proximidade conveniente, pela idade das viaturas, segundo nos explicara o guia. Outra vantagem importante era que, sempre que algum dos carros avistava algo de interesse, de imediato isso era transmitido aos outros grupos, via telemovel ou via rádio, o que aumentava sobremaneira as hipóteses de sucesso na busca incessante em que se transformava cada uma das nossas saídas.
Os momentos altos do 1º dia , são marcados pela novidade da paisagem, diferente, onde os grupos de animais se dispersam pela imensidão do espaço aberto, ou pela observação das sempre inspiradoras girafas, ainda pelo encontro inesperado com um grupo de hienas enlameadas nas poças do percurso, ou pela solidão de uma cheetah recostada na sombra de um arbusto, mas principalmente por um casal de leões que, imperturbavel, comungou com todos, extasiados, momentos da sua maior intimidade.
O 2º dia foi em cheio. Começámos por visitar um santuário retirado, numa região protegida a elevada altitude, onde, 3 rinocerontes negros são protegidos, quase domesticados, por um grupo de rangers, que os mostram aos visitantes mediante o pagamento de uma pequena taxa. A parte da tarde, fica marcada pela visita a uma aldeia Masai. Ainda que seja um momento em tudo preparado para o turista, não deixa de ser um episódio fotográficamente interessante. Aliás, os Masai são um fenómeno impressionante em toda a região. Eles passeiam-se por todo o lado, a pé ou de bicicleta, pastoreando o seu gado, convivendo bem de perto com a vida selvagem, como aliás pudemos testemunhar com os leões a que me referi há pouco. No final do dia, já no regresso ao Camp, a cereja no topo do bolo, são os 2 leopardos descobertos, separados num raio de apenas algumas centenas de metros, o primeiro ,ainda juvenil, dependurado e camuflado num pequeno arvoredo a pouco mais do que 1 metro do solo, o segundo, adulto, esperguiçando-se entre arbustos rasteiros ao solo.
 

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